quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Caros leitores,
hoje apresentamos os mitos da gaguez, ou pelo menos alguns deles, porque de certo existem muitos que desconhecemos.

Nota: acima mencionado = num post anterior.

domingo, 27 de outubro de 2013

Partilhamos com o leitor um artigo da autoria de Gonçalo Leal, Terapeuta da Fala, e aplaudimos a divulgação de informação nestes meios de comunicação.
Os terapeutas da fala preferem não falar em cura mas sim em tratamentos centradas nas pessoas. De acordo com o Terapeuta da Fala Gonçalo Leal membro da Associação Portuguesa de Terapeutas da Fala ( APTF - www.aptf.org), na "intervenção com os pacientes são tidos em conta factores como a idade, consciência da dificuldade, limitações e impacto da gaguez no dia-a-dia". Uma das estratégias utilizadas para contornar a gaguez, e que é trabalhada em gabinete é o "ter uma fala mais relaxada, um discurso mais lento". Outra estratégia utilizada pelos terapeutas da fala, em conjunto com os psicólogos, é o encontrar formas de lidar com situações reais que causam desconforto e sofrimento a quem gagueja. Este trabalho conjunto procura, sobretudo eliminar o impacto da gaguez na qualidade de vida da pessoa, tentar atingir uma fluência em que a pessoa se sinta confortável e sobretudo uma fala com que se identifique. Os terapeutas recordam que a gaguez ainda não tem cura. 
Gonçalo Leal (Terapeuta da Fala)
In: Diário de Notícias

sábado, 26 de outubro de 2013

sexta-feira, 25 de outubro de 2013


Como  já referimos em publicações anteriores, a Gaguez não tem cura!

Contudo existe um aparelho relativamente recente, o SpeechEasy que ajuda as pessoas com gaguez a serem mais fluentes.


O que é?

O SpeechEasy é semelhante no aspecto a um aparelho auditivo. Contudo em vez de amplificar o som o SpeechEasy altera-o, para que ouça a sua própria voz com um ligeiro atraso e uma frequência diferente.O propósito do atraso da voz e alteração de frequência é recrear um fenómeno natural conhecido por “efeito de coro”. O efeito de coro ocorre quando a gaguez é dramaticamente reduzida ou até mesmo eliminada quando você fala  com outras pessoas. Este efeito de coro está bem documentado há décadas e o SpeechEasy utiliza-o num pequeno aparelho que pode ser usado no dia-a-dia.


As crianças podem usar? A partir de que idade?

Depende muito das situações mas só é recomendada a utilização a partir dos 10 anos.Para ser um utilizador bem sucedido do Speecheasy é necessário ter em consideração características como a maturidade, responsabilidade, motivação e terapia realizada anteriormente. Estas são condições avaliadas pelo Terapeuta da Fala sendo factor eliminatório no uso do SpeechEasy.​


Veja o video abaixo, o qual mostra  uma reportagem feita sobre este aparelho em que explica resumidamente o seu funcionamento :


Para mais informações consultar: SpeechEasy
Os especialistas concordam que a maioria das crianças que gaguejam beneficiam se tiverem tempo para falarem, isto é, terem um débito de fala que promova a fluência do discurso.

Deixamos aqui 7 formas, que os pais de crianças que gaguejam, têm para ajudar a promover a fluência dos seus filhos.


1.   Reduzir o ritmo - falar de uma forma calma, fazendo pausas frequentemente. Aguardar alguns segundos depois do seu filho terminar de falar, e só depois falar. Não utilize frases como “calma, fala mais devagar” ou “tenta de novo com mais calma” pois podem tornar-se prejudiciais, ao utilizar um discurso pausado está a ajudar mais a criança. Para algumas crianças, pode ser benéfico se o ritmo de vida for mais calmo e relaxado durante algum tempo.


2.   Escutar - Aumentar os momentos em que escuta ‘verdadeiramente’ a criança, e lhe dá espaço para que ela se possa expressar sem ser interrompida.


3.  Fazer perguntas - Fazer perguntas é um acto normal e que faz parte do dia-a-dia de todas as pessoas, mas os pais devem tentar diminuir o numero de questões. Ás vezes é mais útil comentar sobre o que o seu filho disse e esperar.


4.  Tomar a vez - Ajuda todos os membros da família a tomar a vez para falar e ouvir. Para a criança é muito mais fácil falar quando existem poucas interrupções.


5.  Promover a confiança - Use o elogio descritivo para promover a confiança, por exemplo, "Gostei muito que tivesses arrumado os teus brinquedos, em vez de, “muito bem”.


6.   Momentos especiais - despenda alguns minutos por dia para dar 100% da sua atenção ao seu filho. Cada momento pode fazer toda a diferença.


7.  Regras - Disciplina a criança que gagueja, é importante que a criança tenha consciência das regras que tem de cumprir.

(Fundação Americana de Gagos, 2013)

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Caros leitores,
mais uma vez um recente evento televisivo dá mote a discussão neste blog. Desta vez, o programa em causa é o Factor X, um programa onde os grandes talentos se revelam. O concorrente é Ivo Soares. Vale a pena conferir:

  

Ivo Soares tem 18 anos e gagueja. Gostaríamos de salientar o grande talento deste jovem em primeiro lugar e destacar a ideia de que a gaguez não tem que ser limitadora. A coragem deste jovem é impressionante e merece aplauso. Somos muito mais do que a nossa forma de falar e Ivo Soares mostrou com bravura aquilo de que é feito. Aproveitamos ainda para desmistificar uma questão importante, que é levantada por um dos júris:


A verdade é que a maioria das pessoas não gaguejam enquanto cantam, contudo algumas pessoas podem ter dificuldades em iniciar o canto ou em músicas como o rap. Também é possível que uma pessoa gagueje a cantar, tal como gagueja ao falar, mas realmente o mais comum é que pessoas com gaguez sejam fluentes durante o canto. A explicação mais aceite para este facto tem base cerebral. Diferentes áreas cerebrais são ativadas para o canto e para a fala e a área responsável pelo canto (sistema pré-motor lateral) tende a estar preservado em pessoas com gaguez.  E assim se explica.

Mais uma vez, aplaudimos Ivo Soares :)

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Caros leitores,
gostaríamos de divulgar um evento a realizar no dia 26 de Outubro - as VII Jornadas sobre a Gaguez. Neste momento as inscrições já estão «fechadas» pelo que desde dia 22 de Outubro, o valor de participação tem um acréscimo de 5 euros. Ainda assim, vale a pena conferir.
A gaguez é um problema de comunicação que afecta directamente entre 1% a 2% da população portuguesa. As pessoas que gaguejam, na sua maioria, tendem a isolar-se, a fecharem-se sobre si próprias, não procurando apoio, agudizando assim o problema e alimentando um sofrimento silencioso, que afecta profundamente a sua qualidade de vida. Por ser um problema de comunicação, no entanto, a gaguez implica não apenas a quem gagueja mas também a quem com ele interage, seja na família, na escola, nos locais de trabalho, ou nas demais instituições. A gaguez é também o silêncio que socialmente se foi instalando em seu redor, silêncio esse que criou tabus e alimentou preconceitos e estereótipos.
Tal significa que a responsabilidade para a superar deva ser partilhada entre todos na sociedade, sejam estes instituições ou indivíduos, pessoas que gaguejam ou não. A sua superação implica deste modo uma intervenção não apenas nas pessoas que gaguejam mas também no próprio contexto comunicativo mais amplo, ou seja, na sociedade em si, de forma a que todos possam assumir uma maior e melhor capacidade de resposta às pessoas que gaguejam. Para a APG, a melhor forma de o fazer é falar abertamente e sem complexos sobre a gaguez, partilhar ideias e experiências, cruzar diferentes formas de conhecer a gaguez, desconstruir os estereótipos e mal-entendidos que pairam sobre esta dificuldade e sobre as pessoas que gaguejam.
Por isso, o objectivo das Jornadas sobre Gaguez é o de, por um lado, pôr pessoas que gaguejam a falar, a testemunhar e a partilhar as suas vivências, os seus êxitos e dificuldades, as suas formas e estratégias de enfrentar o problema, e, por outro, procurar dar voz a novas estratégias terapêuticas de abordar a gaguez para, deste modo, fomentar o diálogo entre pessoas que gaguejam, terapeutas da fala e outros técnicos e profissionais. No cruzamento destes vários saberes, procuramos descobrir complementaridades, para assim podermos construir um conhecimento mais vasto, socialmente robusto e com um impacto real na vida de todos aqueles que vivem e convivem com esta dificuldade permitindo-lhes melhorar de forma efectiva a sua capacidade de responder aos desafios que a gaguez levanta.
Junte-se a nós nestas Jornadas únicas em Portugal sobre a Gaguez!

Objectivos:

-  Espaço de partilha e de vivências de pessoas que sentem e vivem o problema de gaguez no dia-a-dia;
- Reflectir o direito à gaguez, na linha da afirmação pública da dificuldade por parte dos gagos e do reconhecimento institucional da gaguez e dos direitos das pessoas que gaguejam;
- Reflectir e discutir a terapêutica da gaguez;
- Espaço de reflexão e cruzamento multidisciplinar das terapias de ajuda/apoio à gaguez;
-  Sensibilizar a sociedade em geral e os poderes públicos em particular para a necessidade de medidas de apoio às pessoas com gaguez.

Destinatários:

-  Pessoas que gaguejam e seus familiares;
-  Professores e outros Educadores;
-  Técnicos, Estudantes e Professores da área Terapêutica (Terapia da Fala, Psicologia, Psiquiatria, Medicina);
-  Escolas;
-  Associações;
- Outros interessados no tema.

Local:
Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal (ESS-IPS)

Programa: 

09:00 - Recepção dos participantes
09:30 – Sessão de Abertura
10:00 – Sessão Plenária: A Gaguez na Primeira Pessoa
Nesta sessão serão apresentados vários testemunhos e relatos em primeira mão sobre a gaguez, a experiência de gaguejar e as diversas contingências que isso tem ou teve na vida de cada um. Desta forma, a gaguez, o que é ser-se gago, pessoa que gagueja, qual a diferença criada por um processo terapêutico serão algumas das questões apresentadas e discutidas na primeira pessoa, a partir do ponto de vista de quem gagueja.
Oradores: Paulo Guerra. José Carlos Pedrosa, Tiago Almeida, CarlosFerreira
11:30 – Coffee Break
12:00 – Mesa Redonda: Gaguez e Empregabilidade
O objetivo desta sessão é reflectir como se lida com a gaguez no acesso ao emprego e problematizar o que é que é valorizado numa entrevista de emprego. Deste procurar-se-á pensar discutir de que modo a gaguez poderá ou não condicionar o acesso a um emprego e, desta forma, como devem/podem os Terapeutas da Fala preparar as pessoas que gaguejam que lhes pedem apoio neste domínio. Desta forma procurar-se-á desconstruir a ideia de que a gaguez é limitadora neste domínio e sensibilizar a sociedade e os técnicos responsáveis pelos Recursos Humanos para que as pessoas com gaguez não sejam prejudicadas ou alvo de discriminação no acesso ao emprego.
Oradores: Maria Amélia Marques, André Carmo, Joana Caldas 
13:30 – Almoço
14:30 - Mesa Redonda: Sucesso Terapêutico em Terapia da Gaguez
Com o intuito de promover uma reflexão sobre os objectivos da terapia da gaguez, o objectivo desta sessão é problematizar o que é o sucesso terapêutico na terapia da gaguez; Por onde passa o sucesso? Será deixar de gaguejar ou reduzir a dificuldade de verbalização? Qual o papel do Terapeuta da Fala? A mesa terá 5 Terapeutas da Fala que se disponibilizarão a discutir estas questões e responder a um conjunto de perguntas formuladas pela audiência.
Oradores: Íris Bonança, Brito Largo, Jaqueline Carmona, Gonçalo Leal, Mónica Rocha
Relatora: Helena Germano
16:00 - Coffee Break 
16:30 - Mesa Redonda: Grupos Gaguez: a experiência em Portugal 
O objectivo desta sessão é dar conhecer estas experiências, as suas dinâmicas, o que motiva as pessoas a aderir e a participar, ao mesmo tempo que se aprofunda uma reflexão sobre a sua evolução dos grupos, como os consolidar, complementaridades e diferenças entre grupos presenciais e os fóruns online. Para tal diferentes participantes irão contar as suas experiências, as suas preocupações, a forma como vivenciam o grupo.
Oradores: Rosa Neves, José Carlos Domingues, Joana Caldas,  André Caiado, Jorge Silva
Comentários: Daniel Neves Costa, Brito Largo
18:00 - Sessão de Encerramento
Fonte: Associação Portuguesa de Gagos
INSCRIÇÃO AQUI
E eis que o nosso artigo foi publicado no jornal online MaisAlgarve. Para ler o artigo na íntegra clique aqui.



No Correio da Manhã, anunciada a tertúlia que iremos realizar.


Agradecimentos: ao Jornal Online MaisAlgarve e ao Correio da Manhã.
E desta forma assinalamos o Dia Internacional da Consciencialização para a Gaguez.

Esta página é extraída do livro Ernesto, o Menino com Gaguez, já aqui referido no blog. São apenas alguns conselhos, que devem orientar os pais, educadores de infância e todas as pessoas que contatam com crianças que gaguejam, por forma a proporcionar-lhes um ambiente de tranquilidade. Assim se ajuda.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Este questionário foi entregue em quatro jardins-de-infância em Faro e teve como principal objetivo averiguar a consciência sobre a temática da gaguez em Educadoras de Infância, bem como existência de casos de gaguez nas suas salas. Secundariamente, o inquérito aborda os sentimentos aparentes das crianças com gaguez e a reação das Educadoras às suas produções. Lembramos que os resultados obtidos refletem o conhecimento das Educadores de Infância, sendo possível que algumas das respostas positivas para a questão «Existem crianças com gaguez na sua sala?» não sejam totalmente Fidedignas. É interessante notar que 87% das Educadoras não se sentem informadas sobre a gaguez, apenas 47% diz conhecer a diferença entre gaguez fisiológica e patológica e ao mesmo tempo que 67% das Educadoras da sala dos 3 anos respondam existir casos de gaguez na sua sala, sabendo-se à priori que é por volta desta idade que as disfluências normais do desenvolvimento são mais comuns. Destaca-se ainda que 75% das crianças "descritas" como gagas não têm qualquer tipo de intervenção. 100% das Educadoras refere sentir falta de informação sobre o assunto, considerando importantes as campanhas de sensibilização e divulgação. Torna-se ainda óbvia a importância do nosso projeto.

sábado, 12 de outubro de 2013

Como vimos no post anterior, um dos níveis de «gaguez» existente é a disfluência fisiológica. Entre os 30 meses de idade e os 5 anos, as crianças experimentam um forte desenvolvimento linguístico. Por esse motivo é natural que tenham algumas dificuldades em estruturar frases num discurso fluente. O rápido desenvolvimento cerebral é causa de disfluências, que geralmente ocorrem entre palavras ou sílabas. Um exemplo disso seria: «va-va-vamos à praia comer-comer um-um gelado?». As disfluências são mais comuns em períodos de ansiedade, nervosismo ou grande excitação. Este tipo de disfluência é considerado normal, sendo que a verdadeira gaguez é rara em crianças de idade pré-escolar, afetando cerca de 5% das crianças até aos 6 anos. No entanto, as disfluências das crianças não devem ser de todo descreditadas, uma vez que também é possível existir gaguez patológica em idade muito jovem. A grande diferença, à qual os pais devem estar atentos, é que numa gaguez patológica a criança apresentará pausas, repetições ou bloqueios não entre sílabas ou palavras mas entre sons, como por exemplo «vvvvvvvv-vvvvv-vamos à p-p-praia c-c-comer um ggggggggelado?». Adicionalmente pode observar-se tensão corporal, piscar de olhos ou bater o pé como modo de expressar a frustração por não conseguir expressar-se. Assim, é importante diferenciar se estamos perante uma disfluência fisiológica ou gaguez, de modo a que as crianças possam beneficiar de intervenção precoce. 
A maneira como reagimos às disfluências das crianças é também muito importante. Assim, os pais não devem rotular os filhos de gagos e devem manter um padrão de voz suave e lento ao falar com os mesmos, por forma a que a criança não tenha tendência a repetir a velocidade de discurso dos pais. Deve manter-se o contato ocular e esperar que a criança acabe de falar, sem a apressar ou pressionar. A criança poderá verbalizar as suas dificuldades dizendo «não consigo dizer». A consciência do problema é um sinal de que a disfluência poderá não ser puramente fisiológica. Nesse caso, os pais devem confortar os filhos, mostrando compreensão para com os mesmos e providenciar uma avaliação junto de um terapeuta da fala.

Bibliografia:
McAleer-Hamaguchi, P. (2007). How can I tell whether my preschooler is developing a stuttering problem?. Acedido em: 12 de Outubro de 2013 em: http://www.babycenter.com/404_how-can-i-tell-whether-my-preschooler-is-developing-a-stutte_70349.bc?startIndex=10&questionId=70349



domingo, 6 de outubro de 2013

Como já foi referido em posts anteriores a gaguez é, segundo a OMS, uma perturbação no ritmo de fala, no qual os indivíduos sabem com precisão o que querem dizer, mas podem sentir dificuldade devido a paragens involuntárias (repetições, prolongamentos ou bloqueios de sons).

A sua princípal característica  é a interrupção normal do fluxo de fala, o que pode causa desconforto para o falante e para o ouvinte. 

A gaguez têm uma causa de base genética (factores predisponentes), que pode ser 'activada' por factores ambientais - experiência do indivíduo, pressão do meio, desenvolvimento linguístico e dinâmica familiar.

Dentro da gaguez  existe uma divisão em 5 níveis de desenvolvimento,

Estes níveis são baseados na idade do indivíduo, e os comportamentos primários e secundários em conjunto com os sentimentos e atitudes, indicarão o nível de desenvolvimento.


E dentro da gaguez existem  5 NÍVEIS de desenvolvimento:

1. Disfluência fisiológica : 1A6m – 6A


A criança não tem consciência da sua das suas desfluências, elas são normais existirem durante o desenvolvimento (aquisição da linguagem e maturação do controlo motor oral)

2. Disfluência Borderline: 1A6m – 6A
 
Estas crianças possuem muitas variações na sua disfluência (Van Riper, 1971;1982)
Revela pouca ou nenhuma consciência das suas disfluências.
Contudo, a sua fala já pode apresentar comportamentos secundários (tensão muscular ligeiramente maior do que o normal)

3. Gaguez Inicial: 2 A – 8 A


Já têm conciência da sua gaguez.
Quando a disfluência persiste, a criança começa a ficar mais tensa e aumenta o número de repetições.
A criança é menos tolerante a determinadas situações.
Aparecimento de comportamentos secundarios de escape.

4. Gaguez Intermédia: 6 A – 13 A


 Tem consciência de que a palavra que quer dizer 'nao sai'.
A criança/adolescente começa a ter medo de gaguejar.
Desenvolve comportamentos de evitação, como resposta ao medo.
Realiza comportamentos primarios - bloqueios, prolongamentos e repetições.
Estão presentes sentimentos de frustração, surpresa ou irritação.

5. Gaguez avançada: >14 A


Os bloqueios são mais frequentes e mais longos.
Os comportamentos de evitação são mais longos, e não resultam sempre.
Os seu sentimentos foram criados durante muitos anos de condicionamento.
Sentimento de perda de controlo, uma vez que a gaguez é imprevisível. 

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

a pessoa que gagueja tem direito a... 

- gaguejar ou ser fluente na medida em que possa optar por isso - comunicar independentemente do seu grau de gaguez
- ser tratada com dignidade e respeito por indivíduos, grupos ,empresas, agências governamentais, organizações, artes e meios de comunicação social
- ter informação publicamente disponível e de boa qualidade acerca da gaguez protecção legal igual independentemente do seu grau de gaguez
- ser informado totalmente acerca de programas de terapia, incluindo as possibilidades de falha e sucesso bem como de reaparecimento da dificuldade
- receber terapia apropriada em função das suas necessidades características e preocupações únicas, por profissionais treinados para intervir na área da gaguez e problemas com ela relacionados
- escolher e participar ou não na terapia e mudar de terapeuta ou programa de intervenção sem qualquer prejuízo ou penalização



a pessoa que gagueja é responsável por... 

- compreender que quem a ouve ou com quem fala pode não ter informação acerca de gaguez e suas consequências ou pode ter uma visão diferente da sua relativa à gaguez
- informar os ouvintes ou parceiros de conversa de que pode precisar de mais tempo para comunicar
- participar na terapia se for essa a sua opção e se assim for deverá fazê-lo de forma aberta.,activa e colaborativa
- fazer alguma coisa para controlar as desvantagens que ocorrem devido à gaguez incluindo o desenvolvimento da valorização realista das suas capacidades e dificuldades e talvez desenvolver um humor saudável acerca de si próprio
- encarar outros com problemas incapacidades ou desvantagens com igualdade, dignidade e respeito atendendo à natureza das suas condições
- estar consciente de que tem a obrigação de promover o amento de consciência dos outros relativamente à gaguez e suas consequências

Associação Portuguesa de Gagos

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Ainda a propósito do post anterior, sentimos-nos impelidas a comentar a mais recente abordagem mediática à temática da gaguez. Este Domingo, iniciou-se o reality show da TVI, Secret Story 4. Vários concorrentes apresentaram-se e entraram na «casa mais vigiada do país». A já tão conhecida «voz» atribui a Luís, um dos participantes, a missão de «fingir ser gago». O concorrente tem então de convencer todos os seus companheiros de que é gago. Vale a pena ver o vídeo abaixo, momento em que Luís entra na casa:


Interessante (ou não) perceber o riso geral, tanto por parte da audiência como da apresentadora. Esta situação, tão recente, vai de encontro a tudo aquilo que referimos no último post. Percebe-se perfeitamente como a gaguez ainda é vista como algo que é susceptível de ser alvo de risada e de gozo, sendo por isso utilizada para incrementar as audiências num programa em que o principal objetivo é nada mais nada menos que entreter.
Ainda assim, e mantendo-nos positivas em relação ao assunto, esperamos que amanhã, dia em que Luís revela aos colegas toda a verdade, as entidades reguladoras do programa se ocupem de sensibilizar a população quanto à problemática. Afinal de contas, tanto mediatismo poderia ser utilizado como forma de sensibilização também...
Consideram-se comportamentos internos da gaguez os sentimentos e as atitudes de um individuo relativamente à sua patologia. É natural e compreensível que o indivíduo gago se sinta constrangido e até frustrado quando não consegue falar e expressar os seus pensamentos fluentemente, especialmente quando encontra no seu interlocutor um olhar de expetativa e ansiedade, o que ocorre muitas vezes. Tais emoções podem ser exacerbadas quando num ambiente excessivamente exigente para as suas capacidades comunicativas. 
É frequente que os indivíduos com gaguez, especialmente em idade jovem, sejam incompreendidos pelos seus pares e até mesmo gozados. Tal facto contribui para uma diminuição da auto-estima e isolamento. 
Consideramos pertinente partilhar uma entrada que encontrámos no Dicionário da origem das palavras, que explica a origem da palavra bobo, e que nos elucida sobre o que aqui pretendemos salientar.

BOBO 
Ainda atualmente conotada como «tolo, pateta, ingénuo», a palavra aplicou-se, sobretudo, aos truões medievais que, nas cortes, divertiam reis e nobres, embora muitos deles tenham sido, para além de autores de sarcasmos e facécias, jograis e poetas. Mas a sua principal função era a de criticar, provocando o riso.

Muitas maneiras há de provocar a gargalhada. Uma das mais fáceis é a da gaguez. Ora «bobo» proovém do latim balbus que significa exatamente «gago». É bem provável que, para amenizar as cortes, fossem escolhidos os gagos e, hipoteticamente, os bobos que não o eram, representassem essa gaguez. Posteriormente, «bobo» deixou de estar relacionado com a tartamudez.
NEVES, Orlando (2001) - Dicionário da origem das palavras. Viseu: Editorial Notícias.


Assim, fica claro que, durante muito tempo, o individuo gago tem vindo a ser vítima da falta de informação e sensibilização, sendo por isso humilhado e experimentando vários tipos de sentimentos negativos, gerados por uma sociedade desinformada que, muito tristemente, exclui e ri da diferença. Torna-se também assim mais clara a responsabilidade que carregamos ao desenvolver este projeto e a importância do mesmo. 

De acordo com Siegal & Haregan (1964), parece existir uma forte relação entre tensão emocional e frequência da gaguez. Afirmam ainda que a ansiedade dos pais e pessoas próximas em relação à problemática e as tentativas de de corrigir a fala podem apenas agravar o problema. Assim se conclui que afirmar, apontar e criticar o defeito apenas o potencia, uma vez que gera no individuo sentimentos que potenciam uma forte carga emocional, que em nada o ajudam.
 
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