terça-feira, 1 de outubro de 2013

Consideram-se comportamentos internos da gaguez os sentimentos e as atitudes de um individuo relativamente à sua patologia. É natural e compreensível que o indivíduo gago se sinta constrangido e até frustrado quando não consegue falar e expressar os seus pensamentos fluentemente, especialmente quando encontra no seu interlocutor um olhar de expetativa e ansiedade, o que ocorre muitas vezes. Tais emoções podem ser exacerbadas quando num ambiente excessivamente exigente para as suas capacidades comunicativas. 
É frequente que os indivíduos com gaguez, especialmente em idade jovem, sejam incompreendidos pelos seus pares e até mesmo gozados. Tal facto contribui para uma diminuição da auto-estima e isolamento. 
Consideramos pertinente partilhar uma entrada que encontrámos no Dicionário da origem das palavras, que explica a origem da palavra bobo, e que nos elucida sobre o que aqui pretendemos salientar.

BOBO 
Ainda atualmente conotada como «tolo, pateta, ingénuo», a palavra aplicou-se, sobretudo, aos truões medievais que, nas cortes, divertiam reis e nobres, embora muitos deles tenham sido, para além de autores de sarcasmos e facécias, jograis e poetas. Mas a sua principal função era a de criticar, provocando o riso.

Muitas maneiras há de provocar a gargalhada. Uma das mais fáceis é a da gaguez. Ora «bobo» proovém do latim balbus que significa exatamente «gago». É bem provável que, para amenizar as cortes, fossem escolhidos os gagos e, hipoteticamente, os bobos que não o eram, representassem essa gaguez. Posteriormente, «bobo» deixou de estar relacionado com a tartamudez.
NEVES, Orlando (2001) - Dicionário da origem das palavras. Viseu: Editorial Notícias.


Assim, fica claro que, durante muito tempo, o individuo gago tem vindo a ser vítima da falta de informação e sensibilização, sendo por isso humilhado e experimentando vários tipos de sentimentos negativos, gerados por uma sociedade desinformada que, muito tristemente, exclui e ri da diferença. Torna-se também assim mais clara a responsabilidade que carregamos ao desenvolver este projeto e a importância do mesmo. 

De acordo com Siegal & Haregan (1964), parece existir uma forte relação entre tensão emocional e frequência da gaguez. Afirmam ainda que a ansiedade dos pais e pessoas próximas em relação à problemática e as tentativas de de corrigir a fala podem apenas agravar o problema. Assim se conclui que afirmar, apontar e criticar o defeito apenas o potencia, uma vez que gera no individuo sentimentos que potenciam uma forte carga emocional, que em nada o ajudam.

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