Como vimos no post anterior, um dos níveis de «gaguez» existente é a disfluência fisiológica. Entre os 30 meses de idade e os 5 anos, as crianças experimentam um forte desenvolvimento linguístico. Por esse motivo é natural que tenham algumas dificuldades em estruturar frases num discurso fluente. O rápido desenvolvimento cerebral é causa de disfluências, que geralmente ocorrem entre palavras ou sílabas. Um exemplo disso seria: «va-va-vamos à praia comer-comer um-um gelado?». As disfluências são mais comuns em períodos de ansiedade, nervosismo ou grande excitação. Este tipo de disfluência é considerado normal, sendo que a verdadeira gaguez é rara em crianças de idade pré-escolar, afetando cerca de 5% das crianças até aos 6 anos. No entanto, as disfluências das crianças não devem ser de todo descreditadas, uma vez que também é possível existir gaguez patológica em idade muito jovem. A grande diferença, à qual os pais devem estar atentos, é que numa gaguez patológica a criança apresentará pausas, repetições ou bloqueios não entre sílabas ou palavras mas entre sons, como por exemplo «vvvvvvvv-vvvvv-vamos à p-p-praia c-c-comer um ggggggggelado?». Adicionalmente pode observar-se tensão corporal, piscar de olhos ou bater o pé como modo de expressar a frustração por não conseguir expressar-se. Assim, é importante diferenciar se estamos perante uma disfluência fisiológica ou gaguez, de modo a que as crianças possam beneficiar de intervenção precoce.
A maneira como reagimos às disfluências das crianças é também muito importante. Assim, os pais não devem rotular os filhos de gagos e devem manter um padrão de voz suave e lento ao falar com os mesmos, por forma a que a criança não tenha tendência a repetir a velocidade de discurso dos pais. Deve manter-se o contato ocular e esperar que a criança acabe de falar, sem a apressar ou pressionar. A criança poderá verbalizar as suas dificuldades dizendo «não consigo dizer». A consciência do problema é um sinal de que a disfluência poderá não ser puramente fisiológica. Nesse caso, os pais devem confortar os filhos, mostrando compreensão para com os mesmos e providenciar uma avaliação junto de um terapeuta da fala.
McAleer-Hamaguchi, P. (2007). How can I tell whether my preschooler is developing a stuttering problem?. Acedido em: 12 de Outubro de 2013 em: http://www.babycenter.com/404_how-can-i-tell-whether-my-preschooler-is-developing-a-stutte_70349.bc?startIndex=10&questionId=70349
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